julho 14, 2019

Planejamento e Politica Educacional

Eu tenho um aluno chamado ... Vou chamá-lo José -  que está com mais de 15 anos na antiga 6ª série, atual 7º ano.  José é muito alto e de grande presença e porte físico.  Irreverente.  Foi meu aluno há três anos atrás, na 5ª série nas disciplinas de História, Filosofia e Religião e o é novamente, nas mesmas três.
Destaca-se, responde de pronto, completa frases, intui raciocínios e sentenças.  Os colegas querem fazer trabalhos com ele. Se eu falar: religiões de livro sagrado, ele completa . Se eu falar, objetos sagrados do Islamismo, conhece vários. Lugares sagrados comuns ao Islamismo, Cristianismo e judaísmo, sabe responder e ainda localiza geograficamente. Isto apenas a título de exemplo.
Foi reprovado por dois anos seguidos, por professores que decretaram que ele tinha dificuldades cognitivas, sem um a avaliação psicanalítica, psiquiátrica ou psicológica ou neurológica , ao menos.
Meu diagnóstico é que quem o reprovou é que tem deficiência
O sistema educacional deveria permitir-lhe ingressar no curso técnico, condizente com sua idade e amadurecimento, ao mesmo tempo em que estivesse terminando de cumprir sua etapa no Ensino Fundamental o mais breve possível.  Sobre o caso dele e de tantos outros que estão por lá, encontro ressonância no texto de Viviane FORRESTER:
"A indiferença é feroz. Ela constitui o partido mais ativo, e certamente o mais poderoso. Ela permite todas as exações, os desvios mais funestos, mais sórdidos. Este século é sua trágica testemunha.    Ei-los então, vítimas da ausência, prisioneiros da lacuna, cobiçando aquilo que não existe, e frustrados,   por um programa tanto mais excelente quanto quimérico. Eles se vêem sem estatuto"

novembro 25, 2018

SALVE 31 DE MARÇO DE 1964 De volta para o futuro



Como eu sempre gostei de organizar eventos, fico aqui pensando como poderia "festejar" o 31 de março, agora em 2019 na Escola Sem Partido .
No portão da entrada principal  do Colégio fotos dos cinco generais da ditadura. Abaixo de todos eles, uma foto pequena de João Goulart. Nos corredores, para que as pessoas pudessem sentar e sentir o peso e a força da justiça da Revolução, umas réplicas da cadeira do dragão, funcionando, caso alguém quisesse provar.
 Uma sala montada com jovens trajados de policiais, moças nuas , estupradas e arroxeadas, para que o público pudesse entender sobre moral e bons costumes de militares.
Uma sala para o pau de arara e o choque elétrico. Tudo disponível à comunidade para experimentar. Uma sala para a pimentinha, com fila organizada para quem quisesse tomar choque elétrico de cem volts  e Afogamento, uma das torturas mais corriqueiras.
A sala da geladeira, espécie de sala pequena onde se alternavam altas e baixas temperaturas, e não era possível ficar de pé, e ficava-se lá nu e sem comida e água, poderia ser simulada por uma geladeira deitada , um frigobar, ligado a um ar condicionado e a um aquecedor e a uma caixa de som, pois  o som alto também ajudava a desorientar o torturado.
A palmatória estaria em exposição, podendo todos que defendem seu uso, apanhar com ela. Agressões físicas , tortura psicológica e produtos químicos poderiam ser trabalhados pelos professores de biologia e química e psicologia,  Os alunos devem pesquisar sobre o pentatotal e ácidos. Seus efeitos no organismo humano e na psiqué
Na sala do AI 5 , AI 5  escrito em letras verdes e amarelas à porta,   uma foto de Costa e Sivla – grande – e Márcio Moreira Alves – o deputado que fustigou o golpe dentro do golpe, pequena, num canto, com a frase:  QUANDO NÃO SERÁ O EXÉRCITO UM VALHACOUTO DE TORTURADORES? um mural com letras grandes onde se possa ler o Ato a qualquer distancia ali dentro, deve estar pregado na lousa.
Lista do fechamento do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas fechadas à época, bem como fotos de obras de arte, cartazes das peças de teatro, cas dos livros e dos discos  censurados.
Uma sala para os elefantes brancos: TRANSAMAZÔNICA, PRÓALCOOL, PROJETO CARAJÁSO, TROMBETAS, ITAIPU, . Esta sala deve estar bem próxima da sala da Dívida externa, organizada pelos professores de matemática, onde conceitos de juros e juros flutuantes devem estar sendo pensados pelos estudantes e comunidade.
Um cemitério simbólico no pátio da escola lembrará o nome dos assassinados e desaparecidos. Uma sala para a CIA deverá estar ao lado da sala de tortura ou dentro de uma  delas pois sabe-se que foi ela quem introduziu os requintes de tortura.
Poderia ter uma sala onde se falasse de outras ditaduras na América Latina, como a de Pinochet, no Chile, a de Trujillo, na República Dominicana, a Ditadura argentina.
No dia da culminância homenagear-se-á Carlos Brilhante ustra, que combateu o comunismo estuprando  mulheres ligadas à resistência, levando seus filhos para as visitarem vomitadas, cagadas e mijadas, chafurdadas em seus próprios excrementos; colocava ratos e baratas dentro de suas vaginas. Esse ée o nosso herói agora. Ao lado dele podemos celebrar Caxias, que invadiu o Paraguai junto com o Conde D’Eu , na Guerra da Tríplice Aliança, matando mulheres grávidas, para que não houvesse revanche e também o Coronel Antonio Moreira Cesar, juntamente com o Thompson Flores, que cercaram Canudos na terceira expedição, com metralhadoras, matando 30 mil pessoas, entre homens, jovens, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, sertanejos que resistiram à fome juntando-se num arraial onde tudo era dividido entre todos.
Uma foto de Conselheiro , pequena, pode constar ou jazer num canto da sala.
Salva a República militarista do Brasil
Fechou.





julho 19, 2018

A DEMOCRACIA EM PERIGO!

A ruptura chama-se Democracia. A palavra libertária dos povos colonizados. Quando esta palavra chega às ruas, quando esta palavra bate na porta da Suprema Corte do Judiciário ou às portas dos Palácios de Governo, quando esta atitude clama nos portões blindados da OEA e da ONU, então o colonialismo tira a máscara, despe-se das togas e dos ternos de costura estrangeira e mostra as garras, as presas, as escamas, o rabo e os chifres. Ele diz: não sou civilizado. Finjo, para ludibriar-vos.  Uso roupas coloridas, imagens virtuais, aparelhos tecnológicos, para que vos apaixoneis e me sirvais, tal escravos. Mas se assim não for, morrereis!
Este é o mundo pós -moderno. Igualzinho aos anteriores. Mudaram as perfomances com que se apresentam, os artefatos de tortura e submissão dos quais se utilizam os poderosos para subjugar nações inteiramente e integralmente pobres, surrupiadas em suas riquezas minerais, animais, elementais...
O Colonialismo, com novos nomes e conceitos,  não aceita rupturas. Como um monstro carniceiro avança sobre tudo e sobre todos, quando vê ruírem seus princípios (ou anti-princípios) e suas bases: o lucro, a exploração do trabalho e a propriedade privada!
A exploração de povos desarmados e pobres do mundo, o sucateamento de suas riquezas, vem sendo sua prática há séculos. Saqueia de várias formas, renova concepções e estende novos tentáculos a cada época, a cada parte da História. Atualmente sabe-se até que o Imperialismo infiltra agentes duplos, da própria comunidade a ser explorada, saqueada e vilipendiada, com a missão de provocar o caos, seja ele de ordem financeira, política, econômica, moral e social, como  também ético, infringindo aos pobres do mundo desordens institucionais de tal des - ordem, que justificam, inclusive, intervenções estrangeiras, militares, pára-militares; isto é, hoje o saque se dá, inclusive, com a aprovação do saqueado que, por ignorância e insensatez, desconhece a trama engendrada contra si, para lhe surrupiar as riquezas, sua água, seus minérios, seu petróleo e, sobretudo,  a sua autonomia.
A América Latina continua sangrando, Eduardo Galeano, eu não sei porque você disse  que não escreveria novamente as veias abertas. A sangria não estanca. Elegemos um índio na Bolívia, um metalúrgico e depois uma guerrilheira no Brasil, Hugo Chavez, o comandante que se negou a matar o povo em praça pública, na Venezuela e Mujica no Uruguai; demos cabo das ditaduras, sem matar ninguém, pelo voto,( eles mataram, claro), ditaduras financiadas pelos Estados Unidos da América e engendradas por sua inteligentzia, arquitetadas por suas Agências, órgãos pára-estatais que  escapam  até ao domínio de seu próprio Presidente, atualmente um arquimilionário com propostas megalômanas e xenófobas, além de racistas,  sem esquecer que deita os pobres nas ruas sem nenhum escrúpulo, vergonha ou constrangimento, como acontece também em São Paulo, no Brasil, com o prefeito eleito João Dória e seu séquito,  milionário , propositor de ações desumanas e impiedosas contra a pobreza e a negritude da maior capital da América Latina.
Hemorragia difícil de estancar. O Bisturí afiado dos conquistadores não nos deixa respirar. Estão à espreita o tempo todo, de bote armado. O governo Lula, no Brasil, conseguiu formar milhares de  jovens em Medicina, nas universidades de Cuba, um dos expoentes em Medicina NO MUNDO! Após o golpe político que sofremos, com o Impeachment da primeira mulher eleita pelo voto direto no Brasil, Presidenta Dilma Roussef, o programa foi extinto, as bolsas retiradas e os estudantes trazidos de volta para o Brasil.
Hoje comemoramos o centenário de Mandela. Foi a CIA que ajudou a prendê-lo em 1962, infiltrando agentes no CNA. Catalogado como terrorista, só em 2008 seu nome foi retirado da lista. 
No Brasil a Democracia tem como seu principal carrasco o juiz Sérgio Moro,  um togado, desmascarado por Organizações Não -  governamentais e grandes jornais internacionais, como agente duplo da CIA infiltrado na justiça brasileira para derrubar o maior líder popular que nossa história já conheceu. Ao seu lado, Deltan Dallagnoll , um dos principais cúmplices,  formado em Harvard, Promotor Público, que, com um Power Point, SEM NENHUMA PROVA , lançou manchas terríveis sobre a reputação de Lula, defendendo princípios da justiça dos Estados Unidos, onde a convicção basta para a acusação, mas que não são princípios nem da nossa Carta Magna nem do nosso Código de Processo Civil, ambos açoitados e rasgados por esses dois traidores e seus aliados.
No Brasil a Democracia está presa. Os sonhos do povo brasileiro de moradia, terra, emprego, justiça social, saúde, universidade, lazer, boa alimentação... foram aprisionados nas masmorras do castelo do rei. As instituições estão em perigo. Senadores vendidos, Juízes ameaçados. Corruptos no poder e inocentes na cadeia.
A sobriedade desmoronou, sob a égide dos vícios de uma quadrilha nefasta que se locupletou do poder e das riquezas do país, às custas de mentiras e golpes, para vendê-las a preço de banana ao capital internacional, seu benfeitor particular, nosso verdugo público!
O subsolo está vendido. Os jovens mandados estudar no exterior foram trazidos de volta. As universidades estão sendo perseguidas, boicotadas e fechadas. Os intelectuais de merda estão se cagando de medo e os corajosos estão correndo riscos de  morrer! A reforma trabalhista nos devolveu ao coronelismo e os coronéis estão voltando rapidamente. Os judiciário está acovardado e o Legislativo é uma farsa. 
O povo brasileiro precisa acordar urgente desta orgia megalomaníaca, assumir-se povo e unir-se contra os predadores, os verdadeiros traidores da pátria, os que nos açoitam uns contra os outros.  Estes são os nossos inimigos.
Unidos então, conhecendo o inimigo comum, poderemos  nos articular e organizar para tomar o poder e deliberar sobre os próximos passos da Nação. Mulheres, negros, estudantes, professores, intelectuais, artistas,  metalúrgicos, bancários, médicos, enfermeiros, advogados, cada um no seu perfil, a defender e proteger a democracia , a justiça social, e , enfim, direitos iguais para todos, sem esquecer do Princípio  Constitucional da Igualdade que diz " tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades " . Mas por favor, não vamos manter os desiguais em suas míseras desigualdades. Sonhamos exatamente o fim delas. 
Viva a Democracia! Viva a Liberdade! Viva o Povo Brasileiro!
Maria de Lourdes da Silva


julho 18, 2018

A FEIJOADA

Qual a história da feijoada? A feijoada foi inventada no Brasil Colonial, a partir da escravidão. Os pretos colocavam dentro do seu feijão, partes dos animais mortos, abatidos, que os senhores da casa grande não comiam. Há quinhentos anos comemos as vísceras dos porcos e dos bois. Sabemos fazer tudo ficar cheiroso. Gostamos do sabor, do cheiro e da cor. A escravidão acabou e o hábito alimentar continuou. Geração após geração, temos ensinado a nossos filhos a comer tripas e banhas e gorduras. Hoje até alguns senhores da casa grande degustam a iguaria. Será que não já entupimos nossas veias de gordura o suficiente? será que não engrossamos nosso sangue o suficiente? será que já não matamos animais o suficiente?
Sem tomarmos pé do quanto a obesidade nos encurta a vida e nos priva de bons e saudáveis momentos, seguimos vida afora nos empanturrando de banhas e tripas e gorduras... Minha cadela é mais inteligente do que muitos de nós. seleciona a carne que vai comer.
Quantas florestas têm sido derrubadas no planeta, para o chão virar pasto, para alimentar animais criados para abate? O que será de nossa Mata Atlântica, de nossa floresta Amazônica daqui a cinquenta, cem anos? Esses miseráveis pretendem nos vender água e até ar. O Neo liberalismo acredita na privatização de nossas vidas.
Até quando pretendemos alimentar a indústria da doença? a indústria farmacêutica, as multinacionais, os super laboratórios que produzem remédios miraculosos contra o câncer? Câncer que vem nas carnes dos animais que compramos! Nós compramos o câncer! Pagamos caro por ele! Depois pagamos mais caro pela radio e depois pela quimio, depois fazemos hemodiálise, até não aguentarmos mais... Aí pagamos para morrer... Agora estamos pagando muito antes... temos SAF... a indústria legalizada da morte. Pagamos para morrer "decentes"... senão vamos ficar como o irmão de Antígona... jogados na montanha, o corpo esperando para ser devorado pelos abutres.
Se tivermos uma Antígona em nossas vidas, nos livraremos desse triste fim. Se não, a indigência e a indiferença darão fim à nossa carcaça cancerosa...
Mas, voltemos à feijoada. Quinhentos anos de pobreza nos ensinaram a comer até calangos. O nordeste brasileiro, anterior à era Lula, comia calango. O nordeste nem bebia água direito. Quase não podia tomar banho.
Precisamos mudar nossos hábitos alimentares. Esses ricos estão nos matando. Vendem-nos veneno como remédio, problemas como solução, morte como vida. Quinhentos anos de analfabetismo, de ignorância, de falta de escolas e universidades... é fácil nos enganar, nos ludibriar. Essas ratazanas astutas sabem como trair, atrair, seduzir. Sabem como manter os escravos no seu devido lugar, sem nem desconfiarem que o são. Um ou outro consegue se livrar do jugo. Alto preço.
Parece brincadeira. Talvez pareça que não tem sentido que pra falar de feijoada eu tenha ido da escravidão ao neo liberalismo. Dos hábitos alimentares à floresta amazônica. Precisamos aprender a pensar o todo. O capital divide, separa, distancia, estigmatiza, segrega, distingue! e assim nos tira a noção do todo. Não somos um coração, ou ossos, ou o cu, como quer a medicina moderna e seus especialistas em cardiologia, ortopedia ou urologia, só pra exemplificar. Somos uma Pessoa. Está tudo interligado.
Mais frutas, mais grãos, mais legumes, mais terra para o povo plantar sua própria comida. A Reforma Agrária é uma luta milenar. Plebeus e patrícios na antiga Roma lutaram duzentos anos por causa da terra!
Mais florestas. Menos armas. Mais amor, mais escolas, mais educação, mais rios, mais águas, mais flores, mais artes, mais lazer...
Ou estaremos condenados ao inferno dos venenos agrotóxicos e cancerígenos para sempre.
Maria de Lourdes da Silva

junho 20, 2018

Sobre a exposição Fluxos visuais, uma exposição sobre os 140 anos da Escola de Belas Artes

O Palacete das Artes está comemorando os cento e quarenta anos da Escola de Belas Artes, com uma exposição de obras produzidas por professores e alunos egressos da casa.
Esta arte não representa apenas uma produção artística. Esta arte está a serviço de quem?
está no poder de quem?
e quem estava no poder quando ela foi produzida?
O que move esta arte?  O que a fundamenta?
Há uma diferença entre a arte produzida no séculos XIX e XX na EBA e a produzida mais recentemente, no que concerne não só à forma, mas também no que diz respeito ao conceito?
Não tenho respostas. Deixo aqui minhas inquietações, para que elas suscitem as suas!
Maria de Lourdes da Silva
 https://museupalacetedasartes.wordpress.com/2018/06/04/sala-contemporanea-do-palacete-das-artes-recebe-exposicao-comemorativa-aos-140-anos-da-escola-de-belas-artes-da-ufba-a-partir-do-dia-12-de-junho/







































novembro 29, 2017

Rousseau - Pedagogia da mulher submissa

MARIA DE LOURDES DA SILVA*

A rígida, punitiva, hierárquica, tradicional e elitista educação escolástica, que tinha á frente os jesuítas, transmissora de conhecimentos memorizados, teve seus pressupostos teóricos e práticos abalados, quando o filósofo Jean- Jacques Rousseau se lhe antepôs , com suas idéias iluministas, revolucionárias, à frente do seu tempo, publicando e anunciando à comunidade europeia do século XVIII seu livro Emílio ou da Educação, onde o ilustre pensador de Genebra apresentava um novo paradigma às concepções de infância e de educação.



Até então a criança houvera sido tratada como miniatura de adulto pela sociedade e pela Igreja, senhora da pedagogia de então.  Cobrava-se-lhe a etiqueta, a linguagem, o comportamento, os hábitos, o gestual e o entendimento.

Punia-se-lhe como se fosse um adulto. E, consequentemente, ensinava-se-lhe com uma educação repleta de palavras e livros, num conteudismo castrante e entorpecente, onde o indivíduo saberia dizê-los inteiros de cor, mas decerto que não lhes saberia explicar o sentido com suas próprias palavras e ou experiências de vida, mas conseguindo sempre aprender a recitar como um papagaio.

A partir da publicação de Emílio Ou Da Educação, forte comoção abalou os pilares da Pedagogia Escolástica. Abalo tão profundo que, sabe-se, Emílio e o Contrato Social foram queimados em praça pública. Àquela época fez-se isto para demostrar o poder da Igreja Católica, e em nossa época, sabe-se disto para que se avalie o quanto eles o temeram, ainda que Emilio tenha sido  escolhido HOMEM,  branco, francês e rico!  

Na exposição de motivos, o autor declara entre outras coisas que nem os negros nem os lapões têm o equilíbrio dos europeus . Para ele “o pobre não precisa de educação” e confessa-se também avesso ao que hoje se chama de inclusão, quando diz “eu não me encarregaria de uma criança doentia e caquética (...)inútil a si mesma e  aos outros", remontando talvez ao costume da sociedade espartana.

Assim, excluindo negros, pobres, deficientes físicos e mulheres, Rousseau desenvolve sua idéia de educação que, apesar de todas essas exclusões, que já constavam na práxis pedagógica daquela teoria escolástica à qual ele criticava , era inovadora, instigante e revolucionária, porque se debruçava sobre um tempo e um espaço da vida humana  aos quais ninguém havia ainda se debruçado, devotando-lhe um olhar filosófico, pedagógico, político e afetivo, a infância!

Quanto à mulher, que vai aparecer no Emílio ou Da Educação, no quinto livro, pois os quatro anteriores são dedicados a educação do garoto, desde às fraldas até a adolescência, Jean-Jacques lhe reserva conceitos e papéis total e absolutamente de segunda classe, embora muitas vezes tente dizer e efetivamente o diga, que a fragilidade da mulher comanda a força do homem, mas sempre escorregando no conceito moral de que ela assim o consegue porque faz parte de sua personalidade ser frívola, dissimulada, coquete, aduladora, sabendo muito bem disfarçar!

Ali seus direitos como cidadã não são reconhecidos. Toda sua educação deve ser voltada para a sua relação com o homem.  Ela deve aprender a ser-lhe útil, agradável, doce, deve aprender a cuidá-lo, consolá-lo, honrá-lo e educá-lo.  Só interessa ensinar-lhe  o que ela vai usar para servir a ele; fora isto, ela deve ser ensinada a sufocar suas emoções, a obedecer, a dominar suas fantasias e seus sonhos para aprender a submeter-se à vontade de outrem.  Que aprenda " desde cedo, a sofrer até injustiças e a suportar os erros do marido sem se queixar".  "A mulher é feita especialmente para agradar ao homem". Ele, nem tanto a ela! 

Sem usar a palavra ESTUPRO, Rousseau busca na Bíblia, no livro de Deuteronômio, um livro escrito por Moisés, uma coleção de seus sermões a Israel antes da travessia do rio Jordão, no Antigo Testamento, os estudiosos calculam que o ano era 1.410 a.C., em seu Capítulo 22, uma lei que, em seu tempo, teria aproximadamente  três mil e trezentos anos, sobre mulheres serem abusadas e morrerem às portas da cidade, apedrejadas, por haverem sido usadas por homens aos quais não pertenciam; se fosse na cidade morreriam os dois de pedradas, e se fosse no campo ela estaria isenta da morte pois houvera gritado e ninguém lhe ouvira. Ele cita o Deuteronômio para explicar que essa interpretação benigna ensinaria às jovens a não se deixarem surpreender em lugares frequentados. 

O filósofo de Genebra argumenta com fervor sobre a defesa da desigualdade. É contraditório que o filósofo que inspirou a Revolução Francesa acredite que a mulher que se queixa da injusta desigualdade que o homem impõe, não tem razão, pois" essa desigualdade não é uma instituição humana" nem "obra do preconceito", e sim da razão. Claro,  da razão dos homens! Mas a Revolução Francesa, por sua vez, não foi precursora de direitos da mulher, embora já houvessem mulheres feministas naquele movimento e naquele tempo, às quais não escaparam à guilhotina, justamente por defender a igualdade como Olympe de Gouges, pioneira do feminismo, filósofa e dramaturga, que escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher em 1791 e da cidadã e Madame B. de B. ( uma burguesa que usava esse nome para pronunciar-se na época iluminista)  que escreveu  o Caderno de queixas e reclamações das mulheres, onde reclama que se comente apenas sobre a libertação dos negros, enquanto se permanece em silêncio sobre a emancipação das mulheres.
Olympe de Gouges

Não se quer aqui negar a importância do genebrino para a Pedagogia, mas alertar e refletir sobre suas contradições no que concerne ao debate sobre o que,contemporaneamente, chamamos de questão de gênero.  Também não se pensa aqui em fechar questão ou, oque seria muita pesunção, encerrar a questão.  Pelo contrário, que esta postagem sirva de ponto inicial para debates e debates... 

* Maria de Lourdesda Silva é licenciada em Filosofia pela
 FESPI, atual UESC, e especialista em
 Planejamento e Política Educacionais, UESC.





novembro 11, 2017

Reflexões da minha indignação


      
É verdade. Vivemos num mundo oco, vazio, desprovido de sentimentos de solidariedade.  A necessidade de ter dinheiro e só poder suprir as mínimas necessidades básicas com ele, lança -nos uns contra os outros no mercado da competição.  Como podem umas poucas pessoas andarem de helicóptero e outras não terem condições nem de usar um coletivo urbano! ? Existem banheiros muito maiores do que a casa de muitos pobres. Existem casas grandes e vazias enquanto a cada dia que passa as calçadas se enchem de andarilhos e loucos. Os miseráveis do sistema,  o lúmpenproletariado. Até o Karl Marx  os desprezou,  mas Tereza de Calcutá, aquela santa, cuidou de todos e deu-lhes alento e consolo até o ultimo suspiro .  ela lhes favoreceu com a dignidade e a nobreza que só existem no amor, abrandando o sofrimento da pobreza com sua doação.
Todos temos o direito de viver e morar bem. Mas inventamos a propriedade privada e saímos como loucos desvairados a conquistá.-la. Fizemos cercas e por causa do que cercamos fizemos guerras. Matamos crianças mulheres e jovens todos os dias nas frentes de batalha da vida em nome de um bem estar individualista, que nos transforma em autômatos cheios de afazeres. Prontos a obedecer, servir e consumir. Fazemos poupança para comprar carros, e com isto alimentamos a indústria automobilística, e adquirimos um bem que mais cedo ou mais tarde vai virar lixo e poluir  o planeta, além de poluì-lo enquanto ativo também com fumaças e gases. Quantas pessoas morrem por dia , no mundo, por causa de acidentes com automóveis? Quantas árvores temos derrubado por hora, para fabricar móveis e outras fronteiras entre nós? Que nos importa se arrancamos o sangue da terra com uma sonda? Temos que  fazer batons , isopores e plásticos. MAIS LIXO! As lanchonetes de franquia estão cheias mas na madrugada o morador de rua revira as lixeiras procurando um resto de hambúrguer . Em algum lugar no Rio de jjaneiro um segurança de uma dessas famosas tirou uma criança que pedia esmola de dentro da lanchonete e la fora deu um murro em sua cabeça e ela morreu. Caiu duro na porta da  casa rica. O médico que fez a autópsia disse que a criança de dez anos, menino pobre de rua, era usuário de cocaína, maconha ,crack e cola e morreu por um parada cardíaco- respiratória ou coisa que o valha. Uma moradora de rua viu o murro e o corpo estendido no chão. Mas de que vale a palavra da indigente frente à do doutor? Isso mesmo!  O médico  vai comer hambúrguer até morrer  e o menino pobre já morreu. Que importa ele? 
É muito desumana a nossa humanidade. Enchemos as cidades de prédios. Soterramos nanguezais, jogamos os esgotos dos nossos excretas nos rios.  Matamos os rios. Veio a mineradora e derrubou um mar de lama de residuos de dejetos de minérios sobre o rio doce. E o rio doce morreu, amargando ...Mas que importa o rio doce , amargo ou salgado? Importam apenas nossas contas bancárias
A Amazônia, pulmão do mundo, árvores milenares, o mais rico eco -sistema do planeta, jogado ao chão, para que lhe passe por cima o rebanho de gado dos senhores da pecuária, gado entupido de produtos tóxicos para crescer rapidamente e mais rapidamente caminhar psra o abate. Vendem-nos câncer a vinte e cinco reais o quilograma. E nós, servos fiéis do sustema, compramos e consumimos.
 já avisava um velho índio : vai chegar o dia em que vamos descobrir que dinheiro não se come e nem se bebe.
Estamos vivendo um holocausto. Um holocausto da natureza e um holocausto dos pobres.
Diacui Pataxó

novembro 07, 2017

Pensando em Salvador


O prefeito de Salvador, ACM Neto, que deseja ardentemente ser Governador da Bahia e Presidente da República, não consegue sequer tomar conta da imundície e da sujeira que assolam a Capital.
Além de um povo paupérrimo e ignorante, mal educado, que joga latas e garrafas plásticas e de vidro pelas ruas afora, com uma naturalidade desconcertante, amontoando toneladas de lixo a serem resgatadas tardiamente por um serviço de limpeza publica ineficaz, ineficiente e desproporcional à demanda, a pobre rica Salvador agoniza com uma pobreza indizível, vista somente em países subdesenvolvidos da América do Sul, Central e África.
O que se vê, que está bem claro, bem à vista, bem óbvio e  certo  é que não existe um projeto para a população carente, os milhões de jovens, em sua maioria negros, mas há brancos também, moradores das periferias, subempregados ou totalmente desempregados, à margem da Cultura e das Artes, o que bem poderia tirá-los dessa iminência tão próxima de criminalidade e drogas, com certeza não são prioridade para esta administração.
Por sua vez, o Governador Rui Costa anuncia aos 4 ventos reformas históricas, conserta e repõe velhas calçadas, mas deixa os centenários casarões caindo sobre os cidadãos. Aqui a História Rui!
A quantidade de moradores de rua, pessoas jovens, homens, mulheres e idosos cresce assustadoramente. Também não existe uma política de assistência nem de propostas para mudança de vida e abertura de perspectivas e novos horizontes para essas pessoas, tratadas aqui como se faria na Democracia Ateniense, onde pobres, escravos, mulhere e crianças não tinham direito ao voto, donde se conclui que não eram considerados cidadãos.

Enquanto isso os ricos e claros turistas andam cheirosos e endinheirados pelas ruas de pedra do Pelourinho.

abril 19, 2017

Dia de todos nós!

          .Sinto - me aviltada  corrompida  violada  estuprada  estigmatizada  indignada  ultrajada  abusada  violentada  diante da  situação dos meus irmãos indígenas.  Mulheres  crianças  jovens adolescentes  guerreiros  caçadores  adoradores de Tupac  Jaci  Iara  Suas divindades protegem as florestas os oceanos e os rios. Não mexeram no sangue da terra. Só usaram dela o que precisavam para sobreviver. Esses povos que reverenciam assim a natureza estão sendo exterminados pelos ambiciosos brancos ricos do mundo.
          Adeus belas cachoeiras quedas da gua magníficas - a maldição do homem branco transformou em hidroelétrica.
          Adeus sangue negro da terra, a maldição do homem branco transformou em isopor, batom, plástico. Adeus árvores frondosas e milenares, a maldição do homem branco transformou em mesa cadeira papel para satisfazer sua vaidade.
          Partiram índios ao meio!. Um frei que testemunhou as barbaridades que os brancos da Espanha cometeram contra os nativos (Frei Bartolomé de las Casas) conta que eles apostavam entre si quem de um só golpe cortava mais cabeças.   Eles os queimavam vivos! E ainda fazem isso. De sua maneira dita civilizada. Em nome da ordem, do progresso e do que chamam civilizacao e desenvolvimento.
E tendo dado fim nos índios,   sobramos nós,  os descendentes da miscigenação,  também chamados de trabalhadores ou proletariado! . Querem nos escravizar, querem nos negar os mais simples direitos que conquistamos  nos últimos 15 anos. Para eles somos a ralé.  Podemos morrer á míngua.  Não lhes diz respeito. Por que temos que aceitar? Os índios não sabiam se defender. Os africanos haviam sido arrancados do solo pátrio e transladados á força para o outro lado do mundo
.          E nós?  O que há conosco? O que nos impede de defendermos nossas crias e a nós mesmos? O que tememos se nada temos pois eles nos tomaram tudo. a única coisa que temos a perder são as correntes[Marx] Tomaram a terra, apossaram - se da língua,  da dança,  da religião,  do modus vivendi,  criaram leis para nós e leis para si. As nossas são entrelaçadas por correntes que nos levam a presídios e as suas são engendradas para consuzí-los à riqueza!
Mas e possível  brandir  as correntes até que elas quebrem as asas dos carrascos e os ponham na rua conosco, em pé de igualdade, cara a cara!
O resto da História proponho escrevermos juntos!
Alegoria de três continentes: ‘A Europa sustentada pela África e pela América’, gravura feita em 1796 pelo artista britânico William Blake (1757–1827).

abril 03, 2017

Gravuras de criança

ESSAS SÃO LINDAS GRAVURAS FEITAS POR SOPHIA NA 3ª SÉRIE. IMAGINO QUE NÃO TENHA SIDO MUITO FÁCIL. PARA A PROFESSORA, AVALIADA DIARIAMENTE POR UMA PEQUENA PENSANTE QUE OBSERVAVA SEUS OLHARES, SEUS TREJEITOS DE BOCA, SEU TOM DE VOZ, SEU GESTUAL  E AINDA LHE COBRAVA RESPOSTAS, NÃO PORQUE SIM OU PORQUE NÃO, MAS RESPOSTAS DE VERDADE, RESPOSTAS DE QUEM EDUCA. N

Como educamos? Será que essa indiferença  repercute  no processo ensino a prensagem?  Aceitamos ser avaliados ou somos, os e as, donos e donas da verdade? 



março 31, 2017

Breve reflexão sobre a afrodescendência e a descendência indígena

     

“A educação colabora para perpetuar racismo”

Kabengele Munanga

          No Brasil escravagista ( não é mais?) – e a escravidão aqui durou mais de 350 anos – os africanos foram proibidos de falar sua língua, professar suas crenças e cultura;(ainda nos dias de hoje temos acompanhado Babalorixás e Ialorixás precisando brigar para manter seus terreiros de Candomblé funcionando), impedidos de aprender a ler e escrever – apenas os negros domésticos, os eleitos das sinhás, (as mulheres também não sabiam ler e viviam controladas primeiro pelo pai e depois pelos maridos) eram muitas vezes mandados a aprender para que lhes pudesse ler ou escrever cartas - e tudo que lhes dizia respeito ( aos negros) era feio e coisa do demônio, então seu cabelo é “ruim”, seu nariz “o boi pisou”, seus lábios são “grossos” e suas nádegas grandes. No branco tudo é belo, lindos olhos azuis, cabelos bons, nariz afilado...

          Quanto a ler e escrever, não existem mais proibições legais, mas uma práxis pedagógica indecente, que corrobora essa antiga perseguição a negros e pobres, onde faz-se de conta que se ensina e faz-se de conta que se aprende; mas, no futuro bem próximo, quando precisar ser aprovado em um concurso ou seleção, o indivíduo que permaneceu analfabeto toda a sua vida escolar, sentirá a falta que faz não ter cobrado dos mestres que lhe ensinasse de verdade.

          No Brasil indígena os nativos explicavam o trovão como uma zanga de Tupã. No Brasil do século XXI ainda ouço pessoas explicarem que, quando troveja, Santa Bárbara está zangada (Dona Iansã, no sincretismo religioso, que a perseguição religiosa gerou). Tudo bem se acreditassem nisso mas conhecessem a explicação científica para o raio e o trovão, mas não é o caso, como se pode verificar em sala de aula, seja ela do 6º ano do Ensino Fundamental ou do 9°, o que sinaliza que seu pensamento ainda é mítico e ainda não encontrou o uso da Razão.

          Não podemos esquecer de refletir também sobre o fato de que a colonização atuou diferentemente com o índio, pois “os negros não tinham alma”, mas os nativos deviam tê-la, já que os maiores intelectuais da Igreja Católica, os Jesuítas, vieram para cá, “salvá-los”. Ensinaram-lhes a falar sua língua e com isso o idioma de cada nação indígena foi sendo esquecido; ensinaram-lhes a fazer preciosos instrumentos musicais e depois mandavam-nos para a Coroa Portuguesa; vestiram roupas em seus corpos nus e livres, acostumados com o sol dos trópicos; encheram suas almas com a ideia do terrível deus católico, ensinaram sobre céu, inferno, purgatório e pecado ao mesmo tempo em que tentavam (e efetivamente conseguiram!) destruir sua mitologia e suas crenças.
    
          Os brancos (des)ensinaram aos índios! Fugindo da escravidão, eles atravessaram o continente, chegando até a Cordilheira dos Andes. Nações inteiras foram mortas e dizimadas, porque não aceitaram ser escravas do elemento colonizador.

          Nos dias atuais podemos acompanhar a saga dos remanescentes indígenas no Brasil, ainda sendo mortos por fazendeiros, latifundiários, grileiros e, principalmente, pelo próprio Estado, que não lhes oferece a proteção necessária e devida.

Alain Touraine - O OCIDENTE DEPOIS DA CRISE

Transcrição de parte de entrevista dada à jornalista       no canal Globo news:
ALAIN TOURAIN:   ... Então eu queria dizer que se vocês conseguirem desenvolver e estimular ainda mais a consciência ecológica, se vocês forem cada vez mais sensíveis à violência contra os seres humanos, de todos os tipos, pois o mundo está cheio de massacres e genocídios, de gente morrendo de fome ou que são deixadas a morrer de fome, então aí surge a pergunta:  Como isso tudo pode caminhar junto? E torna-se necessário um instrumento político para ligar isso tudo, mas aí nós não temos.  Mesmo quando falamos de democracia não sabemos mais do que falamos.

JORNALISTA:E o que o senhor pensa do Brasil politicamente, porque o senhor declarou que temos um sistema político horrível, corrupto;  o que o senhor acha da maturidade democrtática do Brasil?

AT: Eu acho que, historicamente falando, o Brasil teve um sistema político horrível,  com um populismo no limite do ridículo, Jânio Quadros e Jango não foram muito brilhantes.  Foi o colapso do sistema político, e por muito tempo houve incidentes famosos no Congresso, violência, etc. Mas é preciso lembrar que o Brasil viveu 16 anos de formidável consolidação.  Fernando Henrique Cardoso reconstruiu as instituições, começou a fazer as pessoas entrarem em uma casa reconstruída e Lula em seu segundo mandato, incluiu muitas outras pessoas. Então o Brasil de hoje é um país que dispõe de uma infraestrutura e também de uma riqueza econômica que não têm nada a ver... O Brasil se tornou uma grande potência.  O BRIC não quer dizer grande coisa, pois os países são muito diferentes uns dos outros, mas o Brasil é realmente uma grande potência, mas com um sistema político que continua fraco. Não vou citar nenhum partido, mas há grandes partidos no Brasil, aos quais nem adianta perguntar qual é seu programa, pois ele será "x" ou "Y", em aliança com este ou aquele partido





Os ricos do mundo

Os ricos , no mundo inteiro, são como Trump ou Temer. (Raras exceções ). Que morram judeus - fiquemos com o dinheiro deles;  que morram muçulmanos - fiquemos com o petróleo e a terra deles;  que morram africanos e budistas - fiquemos com o marfim, as savanas, a terra, as florestas, os templos, que o baobá seja nosso! (ainda que não saibamos respeitá -lo e honrá-lo em sua majestosa secularidade); que morram os pobres ou, se quiserem viver, que nos sirvam.
Os ricos do mundo inteiro são como Trump ou Temer, com suas devidas quadrilhas! (Raras exceçoes). Cada um com suas Marcelas - umas dondocas emplumadas que se casam com velhos ricos porque aceitam vender a alma em troca do luxo e do requinte da luxúria em que vive afundada a burguesia -e que seus médicos ensinem ( vergonhosamente) como se mata uma empregada doméstica que virou Primeira Dama em seu país - Ah, Dona Marisa , que exemplo de sobriedade, amor, firmeza numa mulher de fibra!
Construa o muro para os mexicanos seu etnocêntrico compulsivo. Aumente o prazo para aposentadoria seu elitista ridículo aposentado aos 50 anos! O FUTURO DERRUBARÁ  SEUS MUROS E RASGARÁ SUAS LEIS.
Os ricos são,  não passam de, apenas e unicamente escória da humanidade! São lixo como seres humanos. Excluem, discriminam, roubam e matam sem nenhum escrúpulo,  sem culpa, sem remorso. Dominam o tráfico de armas, dominam o tráfico de drogas, dominam a produção de máquinas e o setor de construção civil. O Temer faz jantar de 200 mil reais para seus pares - dinheiro do POVO- porque quer dizer ao mundo que a carne brasileira, cheia de venenos químicos que produzem câncer em massa, é boa! QUANTO OS PECUARISTAS ESTÃO PAGANDO A ELE? Ou será  que é ele que está devolvendo -a nossas penas- o apoio que recebeu para o golpe?
No mundo inteiro a classe trabalhadora vive esperneando, fazendo barricadas, enfrentando a polícia,  aparelho repressor do estado reprodutivo,  que deseja , nas entrelinhas, uma sociedade estamental,  onde seu status quo permaneça preservado, e o proletariado viva em estado de servidão.
A ORDEM PARA NÓS,  O POVO, É SUBVERTER E TRANSGREDIR,  SISTEMATICAMENTE, A ORDEM DA BURGUESIA!

abril 28, 2016

Hoje começa uma nova era no blog da professora Lourdinha, assim como na vida dela.  Tecnologia a serviço de idéias que vao desconstruir esse sistema sórdido, que massacra seres humanos em nome do dinheiro, do lucro.

Hoje andei pensando: Alguém me falou que quando entra na agência da caixa, próxima ao vesúvio, e encontra lá aquelas pessoas dormindo, tem a gana de chutá-las e oolocá-las para fora. O que eu disse? Olha, o dinheiro tem onde dormir. Dorme guardado dentro de um cofre, enquanto pessoas não tem onde repousar!

Este é o sistema. É assim que funciona. E o aceitamos porque queremos ser os donos do dinheiro, queremos ser capitalistas, e o capitalismo nos ensina isso, que devemos nos preocupar  e focar nas questões econômicas.

Aí destruímos a natureza, ignoramos os outros, nos desvencilhamos da solidariedade, esquecemos do amor ao próximo e seguimos felizes e apressados, correndo para trabalhar mais, juntar mais, economizar mais, guardar mais e até, sempre que possível, enganar pessoas, contanto que saiamos ganhando.

O fim justifica os meios. Maquiavel vive! Jesus está morto

novembro 06, 2014

RUDE MÃE ÁFRICA

RUDE MÃE ÁFRICA
África

                                           Diacui Pataxó

o continente MÃE de todo o planeta,
o Continente mais velho e mais rico de toda a Terra,
Esfoliada,
Sucateada,
Explorada,
Roubada,
Vilipendiada,
Deflorada e estuprada,
Condenada à morte;
Suas crianças mortas de fome,
Suas mulheres prostituídas e
adoecidas,
Seus homens transformados em escravos.
A face desse continente-nação é a face da dor,
A cicatriz do sofrimento,
o olhar da tristeza.
O continente europeu  primeiro destruiu  suas próprias florestas,
extinguiu sua fauna e sua flora.
Não satisfeito, ávido por riquezas,
invadiu a África, há séculos,
e desde então
faz dela sucata, seu objeto de exploração, sua prostituta.
Come-lhe as entranhas, devora-a e depois deixa-a à mercê
de sua  própria sorte,
sem água, sem comida, sem teto, 
após havê-la usado  até o limite de suas forças.

outubro 16, 2014

BREVE REFLEXAO SOBRE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Maria de Lourdes da Silva

                                                                                         A disputa da eleição presidencial no Brasil, neste ano de 2014, reflete, em si, toda a trajetória do povo brasileiro, sua história, suas lutas, as guerras e guerrilhas, as revoluções.
De um lado temos um representante das elites insanas deste país, homem, branco, rico, culto (talvez), um coronelete nascido em berço de ouro, acostumado desde pequeno com o ambiente político e a ser servido por muitos “criados”. Seu grupo é aquele que governou o Brasil durante oito anos, no final do século passado, através do pseudo sociólogo que disse “esqueçam tudo que eu escrevi”, assim que se elegeu Presidente da República. Sua troupe neoliberal saiu por ai vendendo e sucateando o Brasil: venderam o BANEB, o BANESPA, o BANERJ, a TELEBAHIA, a TELESP, a TELEMIG, por pouco não venderam a PETROBRÁS. Durante o governo dos tucanos nenhuma universidade foi criada e o modelo de financiamento da casa própria partia de um piso que permitia apenas à classe média e aos ricos da vez comprarem suas casas próprias. Este governo representou o latifúndio, a propriedade privada, a exploração do trabalho. O sinhozinho vem de uma família tradicional da política mineira, a oligarquia Neves, no poder desde a Ditadura Militar, há mais ou menos 50 anos, portanto. Sua política elitista e sua prepotência de coronel nos remetem aos ricos decadentes deste país, apegados ao poder, acostumados a mandar e desmandar a seu bel prazer e de acordo as necessidades da manutenção de suas fortunas, ultrapassados, porque nunca foram capazes de repartir com o povo a “sua” terra. A resposta a esses poderosos o povo já deu nas urnas, no primeiro turno, entre outros Estados, na Bahia – com a derrota do Carlismo - e em Minas Gerais -com a derrota do candidato do Coronel Neves (como o intitula o professor Braulino Santana, no Raposa Felpuda).
Do outro lado temos uma mulher, forjada na militância política em defesa dos direitos dos cidadãos, da democracia, da liberdade. Uma mulher que não aceitou o Golpe Militar e se reuniu com seus pares combatendo o arbítrio, a impunidade, a violência, a tortura, o desrespeito aos civis, fossem eles professores, estudantes, jornalistas, advogados, políticos ou simples desempregados, fossem eles brancos, negros ou índios, homens ou mulheres... Foi presa e torturada no período da Ditadura Militar, enquanto seu adversário usufruía, junto com o vovô, das beness do poder ilegal e imoral do Regime. Pegou em armas sim, para defender o meu, o seu, o nosso direito de estarmos aqui hoje e podermos falar o que queremos e o que pensamos. Seu governo é marcado por um avanço nos direitos civis das chamadas minorias políticas, grande maioria da sociedade. A Lei Maria da Penha foi reforçada, ampliada, estendida às mulheres brasileiras através das DEAM’S. Criou mais de duzentas escolas técnicas, construiu universidades federais por todo o país, desenvolveu programas de inclusão nas mais diversas instâncias, garantindo as cotas para negros e estudantes oriundos de escola pública nas universidades federais e estaduais, e agora direito a cota em concurso público. Sua política social tem a marca da consistência, da seriedade, da sobriedade, do compromisso. Construiu e entregou mais de três milhões e meio de casas próprias no programa MINHA CASA MINHA VIDA, lembrando o detalhe que a casa é no nome da Mulher; garantiu o Bolsa Família tirando milhões de brasileiros e brasileiras da linha da miséria; construiu restaurantes populares por todo o país, onde o povo pode almoçar pelo preço de dois reais. O dinheiro do governo federal, como uma sangria desatada, levou 500 anos sendo derramado nos cofres particulares dos ricos deste país. A primeira tentativa de mudança deste fluxo deu num Golpe Militar financiado pelos EUA, no exílio de um Presidente que havia sido eleito pelo povo, na prisão, exílio e até morte de intelectuais, no incêndio da União Nacional dos Estudantes, e tantas outras arbitrariedades perpetradas pelo Regime, contra o povo, entre 1964 e 1985; isto sem falar da Cabanagem (no Pará, sec. XIX), da Conjuração Baiana (sec. XVIII) e de Canudos, (na Bahia, sec. XX), da Sabinada (em Recife, sec. XIX) e da Revolução Constitucionalista (em São Paulo, sec XX), entre tantas outras revoluções comandadas pelo povo, pelos índios, pelos negros, por mulheres, nos rincões deste país, isto é, na História do Brasil, quando os ricos percebem que não são os seus interesses que estão sendo a prioridade do governo federal ou estadual, eles se juntam com tropas militares ou paramilitares ( a UDR está aí a postos) enforcam crianças, destroem cidades inteiras, matam as lideranças ou forjam mentiras sobre elas, como o caso do Plano Cohem, no governo de Getúlio Vargas.
Então é isso: há apenas 12 anos nosso país mudou e tem conseguido manter um novo rumo, uma nova artéria foi desenvolvida, desta vez jorrando sangue e vida para as crianças das periferias, para as mulheres, para os negros, para os deficientes, para os pobres.
Todos sabem que é ideológico no mais visceral sentido Marxista, o discurso do candidato das elites, quando ele diz que representa a indignação do povo. É suscetível que ele represente alguma indignação, mas não a do povo. Das elites brancas, sim, que viram nestes últimos doze anos, negros e estudantes de escola pública entrando nas universidades estaduais e federais para cursar Medicina ou Direito; mulheres pobres, que sempre fizeram muitos filhos e todos viviam na miséria, recebendo agora o Bolsa família, que minimiza sua pobreza enquanto outros programas do governo atendem seus filhos e a ela, preparando um futuro menos perverso, mais promissor para a família; o governo tem um programa chamado A CAMINHO DA ESCOLA e manda bicicletas para as crianças matriculadas que moram longe do colégio, mas as bicicletas vêm para as prefeituras e aí a corrupção, a ganância, a usura emperram todo o processo. É ideológico porque ele tenta fazer o eleitor acreditar que ele é o libertador, quando ele é o carrasco e como dizia Karl Marx, tenta transformar em cúmplices do próprio carrasco aqueles que acredita sejam alienados ao ponto de deixar de votar em si mesmos para votar nele, pois nestes 500 anos sempre se investiu na perpetuação do analfabetismo, da ignorância, da miséria, da pobreza, da esmola, dos favores devidos aos coronéis.
E é aí que mora a diferença dos últimos doze anos da política brasileira: o governo investiu em educação, em médicos, em saúde, em moradia, em alimentação, em proteção aos civis e isso fez com que o cidadão esteja menos suscetível e fragilizado diante de seus antigos e centenários algozes, que desejam cooptá-lo, para logo depois descarta-lo, como soe acontecer. Parodiando a eminente professora Marilena Chauí, podemos dizer que neste processo começamos a abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, a não nos deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos, a buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história.