junho 07, 2009


Tive sonhos imundos
sonhos estranhos
pesadelos...
Troncos seculares de árvores mortas
animais em chama
um tamanduá pisoteado pelo progresso
nossos curumins órfãos
nossos velhos desesperados
vi a morte de perto
e a sua capa pesou em meus ombros
vi discursos bonitos
quais túmulos caiados
e quando os meus olhos se fecharam
veio um pedaço de rio à beira da morte
e desabou sobre mim
os seus descaminhos
os meus irmãos desnutridos
vi tanta tristeza
que o meu pranto se transformou
num rio mais triste, sem fim.

Em meio a escuridão
sonhei em ver o dia amanhecer
desejei tanto viver
que ouvi um sabiá cantar na mata
e ao lado, uma voz guerreira:
acordai, acordai,
pois todo dia é dia de repensar
nossa atitude em relação ao Planeta!

***
para Juscelino Mendes e Diacui, meus irmãos da etnia Pataxó/BA

***
Graça Graúna
Nordeste do Brasil, 7 de junho de 2009

2 comentários:

  1. ...gracias mil, minha irmanzinha guerreira. Bjos de luz e paz em Ñanderu, Grauninha

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  2. Eu era meu brinquedo


    Meu brinquedo
    Eu
    Era meu brinquedo:
    Nas enxurradas
    Nas tanajuras
    Nas barrocas
    Nas areias -
    Que desciam da serra e ficavam -
    Nos arcos-íris
    Nos pirilampos
    Nas bolas de meia
    Nos babas
    Nas bolas de gude
    Nos piões
    Nas borboletas amarelas:
    Matérias-primas de meus castelos
    Que desvaneciam tão rápido quanto meus sonhos
    Em Conquista.
    Eu era o que restava de alegria,
    Imitando os pássaros,
    Curumim de mim mesmo e
    De minhas circunstâncias.
    Eu,
    Meu brinquedo.

    Diacui, minha querida!
    Graça, também, querida!
    Meus abraços calorosos não
    seriam suficientes para a delicadeza
    de flores humanas feito voces.

    Beijos!

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