
Tive sonhos imundos
sonhos estranhos
pesadelos...
Troncos seculares de árvores mortas
animais em chama
um tamanduá pisoteado pelo progresso
nossos curumins órfãos
nossos velhos desesperados
vi a morte de perto
e a sua capa pesou em meus ombros
vi discursos bonitos
quais túmulos caiados
e quando os meus olhos se fecharam
veio um pedaço de rio à beira da morte
e desabou sobre mim
os seus descaminhos
os meus irmãos desnutridos
vi tanta tristeza
que o meu pranto se transformou
num rio mais triste, sem fim.
Em meio a escuridão
sonhei em ver o dia amanhecer
desejei tanto viver
que ouvi um sabiá cantar na mata
e ao lado, uma voz guerreira:
acordai, acordai,
pois todo dia é dia de repensar
nossa atitude em relação ao Planeta!
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para Juscelino Mendes e Diacui, meus irmãos da etnia Pataxó/BA
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Graça Graúna
Nordeste do Brasil, 7 de junho de 2009