maio 04, 2011

Do Palácio de Buckinhan ao Palácio de Ondina Prof. DSc. Marcos Aurélio Santos Souza (UESB / DCHL).


 o professor da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) faz uma analogia entre a pompa e riqueza do recente casamento real e as lutas e dificuldades dos professores universitários deste estado.    -  selecionei alguns parágrafos:
Do Palácio de Buckinghan à Abadia de Westminster, só riqueza e suntuosidade, do Campo Grande à Praça Castro Alves, só pobreza e miséria. Desfiles em mundos praticamente opostos repetem a nossa imensa realidade humana, paradoxal e triste, através de um figurino bem representativo.  Lá, os chapéus, cabelos loiros ao vento, tiaras coloridas e os fabulosos bearskins da guarda real inglesa. Aqui, os cabelos crespos, guardas chuvas quebrados, que mal evitam a chuva insistente, mãos e bolsas nas cabeças para não estragar a “escova” e o “permanente”, boinas surradas e imundas da polícia militar, fingindo paciência com o trânsito caótico da Sete de Setembro e com as bolas vermelhas de  palhaços, escondendo os narizes dos manifestantes.
(aqui estamos nós|)

Lá embaixo, o mundo é diferente. O vermelho, um vermelho quase vinho, cardeal, que em Buckinghan  adorna os corpos dos soldados e do príncipe William, acúmulo de sangue coagulado das chacinas bretãs, pinta a Avenida Sete na manifestação dos professores. Nessa chuva que cai hoje e derrete os morros, jogando barro em cima das pessoas das Cajazeiras e dos morros na capital baiana, o vermelho mais importante para o governador é o vermelho da cruz, que adorna a bandeira do Reino Unido.
O governador prefere viver nos sonhos do palácio de Ondina, na pompa inglesa, que parece antiga e tradicional, mas, como bem lembra os historiadores Hobsbawn e Ranger, foi forjada recentemente como símbolo de poder, inquestionável e cruel. Ele prefere viver na sua própria invenção de estado, cortando salários, impedindo as Universidades crescerem e os professores se aperfeiçoarem, dedicando seu tempo integral por um salário de miséria. Prefere viver no castelo de Caras da elite baiana, ideologicamente branca de olhos azuis, como a elite britânica. 

Greve das Universidades Estaduais. Governo corta o ponto dos professores

O governo do estado decidiu suspender o pagamento dos salários dos professores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), que estão em greve desde o início do mês. A paralisação dos professores da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) é mais recente e, por isso, eles receberão os salários de abril.

Hoje à tarde, os docentes das quatro instituições fazem uma manifestação no centro de Salvador. Eles vão se reunir em frente ao Teatro Castro Alves (TCA), no Campo Grande, e seguirão em passeata pela Avenida Sete de Setembro com destino à Praça Municipal. A greve prejudica cerca de 60 mil alunos. 

Segundo a Associação dos Docentes da Universidade de Feira de Santana (Adufs), a categoria  reivindica  do governo a retirada de uma cláusula do acordo salarial 2010 que impede melhorias salariais pelos próximos quatro anos e a revogação do Decreto 12.583/11 que reduz os gastos com as universidades este ano.  

O governo enviou uma resposta oficial aos representantes dos professores na qual mantém a cláusula e afirma só assinar o acordo salarial após a categoria sair da greve.








10% do PIB para a educação




Caros e caras

Dia 11 de maio, participe da Paralisação Nacional pelo PNE, o Plano Nacional de Educação que o Brasil quer e pelo piso para todos e todas.



http://www.cnte.org.br/index2.php?option=com_content&task=view&id=7043&pop=1&page=0&Itemid=261

abril 20, 2011

Trabalhadores em educação fizeram caminhada hoje pela manhã, embaixo de chuva, no Bairro Nelson Costa


Nem mesmo a chuva impediu que os Trabalhadores em Educação deixassem de cumprir com o que ficou deliberado na última assembleia do dia 19/04/2011, uma caminhada pelo bairro Nelson Costa, zona sul da cidade de Ilhéus.

Hoje, pela manhã, 20/04/2011, a categoria caminhou pelas ruas do Nelson Costa para informar a essa comunidade os reais motivos da paralisação por tempo indeterminado das atividades das unidades escolares.

O prefeito de Ilhéus, Sr Newton Lima, não assinou o acordo de campanha salarial 2011 dos Trabalhadores em Educação.

Na próxima segunda-feira, 25/04/2011, às 9h, no auditório do IME-Centro, a categoria voltará a se reunir em mais uma assembleia para novas deliberações.

Sua presença é muito importante.

Precisamos nos fortalecer.

abril 16, 2011

FW: Enquanto isso , no Brasil.......................... A procuradora e a empregada


A procuradora e a empregada
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Era uma noite de segunda-feira. Há um mês, a procuradora do Trabalho Ana Luiza Fabero fechou um ônibus, entrou na contramão numa rua de Ipanema, no Rio de Janeiro, atropelou e imprensou numa árvore a empregada doméstica Lucimar Andrade Ribeiro, de 27 anos. Não socorreu a vítima, não soprou no bafômetro. Apesar da clara embriaguez, não foi indiciada nem multada. Riu para as câmeras. Ilesa, ela está em licença médica. A empregada, com costelas quebradas e dentes afundados, voltou a fazer faxina.
Na hora do atropelamento, Ana Luiza tinha uma garrafa de vinho dentro da bolsa. Em vez de sair do carro, acelerava cada vez mais, imprensando Lucimar. Uma testemunha precisou abrir o carro para que Ana Luiza saísse, trôpega, como mostrou o vídeo de um cinegrafista amador.
Rindo, Ana Luiza disse, para justificar a barbeiragem: "Tenho 10 graus de miopia, não enxergo nada". E, sem noção, tentou tirar os óculos do rosto de um rapaz. A doutora fez caras e bocas na delegacia do Leblon. Fez ginástica também, curvando e erguendo a coluna. Dali, saiu livre e cambaleante para sua casa, usando um privilégio previsto em lei: um procurador não pode ser indiciado em inquérito policial. Não precisa depor. Não pode ser preso em flagrante delito. Não tem de pagar fiança. A mesma lei exige, porém, de procuradores um "comportamento exemplar" na vida. Se Ana Luiza dirigia bêbada, precisa ser afastada. Se estava sóbria, também, pela falta de decoro.
Foi aberta uma investigação disciplinar e penal contra ela em Brasília, no Ministério Público Federal. Levará cerca de 120 dias. Enquanto seus colegas juízes a julgam, Ana Luiza Fabero está em "férias premiadas" no verão carioca. Ela não respondeu a vários e-mails e a assessoria de imprensa da Procuradoria informou que o procurador-chefe não falaria nada sobre o assunto porque "o processo está em Brasília".
Lucimar está traumatizada, com medo de se expor, porque a atropeladora tem poder. Não procurou um advogado. Nasceu na Paraíba e acha que nunca vai ganhar uma ação contra uma procuradora do Trabalho. Lucimar recebe R$ 700 por mês, trabalha em casa de família, tem um filho de 6 anos e é casada com Aurélio Ferreira dos Santos, porteiro, de 28 anos. Aurélio me contou como Lucimar vive desde 10 de janeiro, quando foi atropelada na calçada ao sair do trabalho: "Minha mulher anda na rua completamente assustada e traumatizada. Estou tentando ver um psicólogo, porque ela não dorme direito, acorda toda hora com dor. É difícil até para ela comer, porque os dentes entraram, a boca afundou. Estamos pagando tudo do nosso bolso, particular mesmo, porque no hospital público tem muita fila".
A atropelada, traumatizada, nem procurou advogado. Acha que nunca ganharia uma ação contra a doutora
Lucimar quebrou duas costelas, o joelho ficou bastante machucado, o rosto ficou "todo deformado e inchado", segundo o marido. Ela tirou uma licença médica de dez dias, mas foi insuficiente. Recomeçou a trabalhar há duas semanas, ainda com muitas dores.
O encontro entre a procuradora e a empregada é uma fábula de nossa sociedade desigual. A história sumiu logo da imprensa. As enchentes de janeiro na serra fluminense fizeram submergir esse caso particular e escabroso. Um mês seria tempo suficiente para Ana Luiza Fabero ao menos telefonar para a moça que atropelou, desculpando-se e oferecendo ajuda. Nada. Além de falta de juízo, ela demonstrou frieza e egoísmo. Vive na certeza da impunidade.
"Somos um país de senhoritos, não carregamos nem mala", diz o antropólogo Roberto DaMatta, autor do livro Fé em Deus e pé na tábua. DaMatta associa a violência no trânsito brasileiro a nossa desigualdade. Usamos o carro como instrumento de poder e dominação social, um símbolo do "sabe com quem você está falando?".
"Dirigir um carro é na verdade uma concessão especial, porque a rua é do pedestre", diz DaMatta. Mas nós desrespeitamos o espaço público. "No caso da procuradora e da empregada, juntamos uma pessoa anônima com uma impunível", afirma. O Estado é usado para fortalecer o personalismo, a leniência e para isentar as pessoas de responsabilidade física. Em sociedades como a nossa, onde uns poucos têm muitos direitos e a grande massa muitos deveres, Lucimar nem sabe que pode e deve lutar.

E assim vivemos nós, brasileiros, vendo os próprios operadores da justiça abusando da lei e do poder que lhes foi conferido por nós para que trabalhem e produzam em benefício da justiça e da paz sociais.  Aqui na minha pequena cidade do interior da Bahia eu canso de ver, em dias de chuva torrencial, os carros a passarem - e é claro que eles não estão passando sozinhos, alguém está dirigindo! e as pessoas em pé, nas calçadas,  tomando chuva e esperando sua vez.  Vejo carros de quatro portas, cabines duplas, ar condicionado, andando em meio a este trânsito suburbano como se pudesse passar por cima de tudo e de todos, corro deles, distancio-me o mais que posso.  Sem ter tido oportunidade de ler o  DAMatta, mas agora vou fazê-lo,  eu já dizia que essas pessoas que dirigem entendem que seus veículos são mais importantes que as vidas dos pedestres, que sua "coisa", seu "ter" é mais importante que os seres humanos .  Eles jogam os carros em cima, eles xingam quem passa na frente, eles arrancam antes do sinal abrir!!! Claro que não é geral, mas muitas pessoas precisam se educar.  Saber dirigir não é apenas saber passar as marchas, mover o volante, ligar o carro.  Existe toda uma circunstância que envolve o ato, uma responsabilidade e um compromisso com a existência do outro que transcende o mero "dirigir".  Sempre os que reclamamos ficamos como os briguentos e os chatos.  Eu digo que esses briguentos e chatos são os cidadãos que sabem fazer valer seus direitos. Eu digo que essa impunibilidade tem que acabar!
Maria de Lourdes da Silva


Cântico negro José Régio




"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!



Maria de Lourdes da Silva
Óleo sobre tela
sem título







Essa poesia é minha alma, minha transparência, toda a rebeldia de minha adolescência e o que sobrou dela na iminência de meus cinquenta anos.  Talvez até eu esteja errada, e muito provavelmente estarei, mas essa teimosia, essa curiosidade pelo desconhecido, esse querer viver diferente, longe da mesmice e do igual medíocre que polui o ar de todos ou de quase todos, essa valentia, já nasceram comigo, arregaladas nos meus olhos, em cada junta, em cada ruga que a vida fez, em cada linha de expressão que a dor e o sofrimento desenharam em meu rosto, eu escrevo assim minha história, falem mal mas falem de mim, a geração de meus filhos escreve no orkut: "vocês riem de mim porque sou diferente e eu rio de vocês porque são todos iguais."


                   Maria de Lourdes da Silva

março 27, 2011

O crime de Sharpeville: Imperioso lembrar para jamais repetir, ou imitar


Por: Eloi Ferreira de Araujo
sharpeville_day
eloi
Hoje é um dia especial para a cultura negra. Há exatos 51 anos, 69 crianças, mulheres e homens negros foram assassinados em praça pública pelo exército sul-africano no bairro de Sharpeville, na cidade de Johannesburgo. Motivo: terem saído às ruas, pacificamente, para reivindicar a extinção da Lei do Passe, que os obrigava a portar cartões de identificação com o registro dos locais por onde lhes era permitido circular.
O crime do regime do Apartheid da África do Sul ficou conhecido como O Massacre de Sharpeville. E motivou a instituição do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Uma data que o Brasil, a maior Diáspora Africana do continente americano, tem razões, infelizmente, para relembrar.
O Governo Brasileiro, em articulação com a sociedade civil organizada, tem dado passos largos para desestabilizar a mentalidade que constrói tragédias como a de Sharpeville. As políticas de ações afirmativas, que elevaram consideravelmente o número de negros e negras nas universidades públicas; e a sanção do Estatuto da Igualdade Racial, marco histórico para a construção da igualdade de oportunidades entre negros e não-negros, são dois dos mais recentes passos da política de inclusão para o acesso aos bens econômicos e culturais do País.
Mas ainda há muito a enfrentar.
Uma rápida análise do noticiário é suficiente para identificar manifestações de racismo na sociedade brasileira. Em 13 de janeiro deste ano, por exemplo, os seguranças de um supermercado em São Paulo foram acusados de apreender, ilegalmente, uma criança de 10 anos, sob acusação de furto e gritos de "negrinho sujo e fedido". Depois de submeter o garoto a humilhações, os seguranças encontraram em seu bolso o ticket que comprovava que ele pagara pelos objetos sob suspeita...
No Carnaval baiano deste ano, mais um indicativo de discriminação. O líder da banda de pagode Psirico acusou um empresário, em plena Avenida, sob as luzes das câmeras de TV, de tê-lo chamado de "preto" e "favelado". Os casos ganharam destaque nos veículos de comunicação de massa, mas são apenas dois exemplos, dentre diversos outros registrados em notas de rodapé ou em Boletins de Ocorrência Policial.
O caldo de cultura que baseia tais ataques à identidade de descendentes de africanos está, sem sombra de dúvida, entrelaçado com o perfil dominante das mortes violentas no País, que vitimam, em sua maioria, jovens negros, segundo estudos sobre violência urbana da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O mesmo caldo que motivou o assassinato dos jovens sul-africanos.
E os brasileiros têm consciência da força simbólica do racismo. Não foi à toa que festejaram a eleição do presidente Barack Obama nos Estados Unidos da América. Um negro no comando da mais poderosa nação do mundo emite simbolismo oposto ao que guia as mãos e as vozes que agridem a identidade dos negros e negras no Brasil e no mundo.
Não foi à toa também que, das conversas com a presidenta Dilma Rousseff, tenha constado a agenda da cultura negra. Para além dos resultados imediatos da discussão sobre o Plano de Ação Conjunta Brasil-Estados Unidos para a Eliminação da Discriminação Étnico-racial e Promoção da Igualdade, que norteou a pauta sobre o assunto, há os efeitos simbólicos da visita em si de Barack Obama sobre a identidade negra no Brasil.
Efeitos previsivelmente positivos. Um dos muitos que, esperamos, serão gerados em 2011, instituído pela ONU como o Ano Mundial dos Afrodescendentes.
* Artigo de Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares, publicado originalmente no Correio Braziliense, sob título "O crime de Sharpeville".


Leia materia completa: O crime de Sharpeville: Imperioso lembrar para jamais repetir, ou imitar - Portal Geledés 

Fonte: Palmares

março 13, 2011

A VIDA PRIVADA



Acorda pra vida
Privada
A cor da vida é
Privada
Há vidas que são
Em preto e branco.
A privada faz parte
Da vida.  A privada ri
Da vida
dois terços da humanidade
Não tem privada
E nem sabe rir
Ou ri banguelo
“Obra” no cagador
(Um buraco no quintal)
De cócoras! sem cerca!
Acorda pra vida
Privada
Quem tem privada?
Quem tem privacidade?

o primeiro milagre do heliocentrismo - Vamos abrir uma igreja!


artigo da Folha de São Paulo!
O primeiro milagre do heliocentrismo

 Hélio Schwartsman, 45 anos, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online
Eu, Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha, e Rafael Garcia, repórter do jornal, decidimos abrir uma igreja. 

Com o auxílio técnico do departamento Jurídico da Folha e do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo Gasparian Advogados, fizemo-lo. Precisamos apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e de cinco dias úteis (não consecutivos) . É tudo muito simples. 

Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para criar um culto religioso. Tampouco se exige número mínimo de fiéis. 

Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangélio e seu CNPJ, pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações financeiras isentas de IR e IOF. Mas esses não são os únicos benefícios fiscais da empreitada. 

Nos termos do artigo 150 da Constituição, templos de qualquer culto são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda ou os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais são definidas pelos próprios criadores. 

Ou seja, se levássemos a coisa adiante, poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros "Is" de bens colocados em nome da igreja. 
Há também vantagens extratributárias.

Os templos são livres para se organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus sacerdotes. Uma vez ungidos, eles adquirem privilégios como a isenção do serviço militar obrigatório (já sagrei meus filhos Ian e David ministros religiosos) e direito a prisão especial. 


LISTA DE IGREJAS ABERTAS NO BRASIL EM 2010 (até setembro)

- Igreja da Água Abençoada 
- Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina 
- Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder 
- Congregação Anti-Blasfêmias 
- Igreja Chave do Éden 
- Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta (QUE M**DA É ESSA?)
- Igreja Batista Incêndio de Bênçãos 
- Igreja Batista Ô Glória! 
- Congregação Pass o para o Futuro 
- Igreja Explosão da Fé 
- Igreja Pedra Viva 
- Comunidade do Coração Reciclado 
- Igreja Evangélica Missão Celestial Pentecostal 
- Cruzada de Emoções 
- Igreja C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos) 
- Congregação Plena Paz Amando a Todos 
- Igreja A Fé de Gideão 
- Igreja Aceita a Jesus 
- Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém (do Pará?????) 
- Igreja Evangélica Pentecostal Labareda de Fogo 
- Congregação J. A. T. (Jesus Ama a Todos) 
- Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação Para Cristo (quem perder vai ficar!!!) 
- Igreja Pentecostal Uma Porta para a Salvação 
- Comunidade Arqueiros de Cristo 
- Igreja Automotiva do Fogo Sagrado (ESSE DEVIA TER ABERTO UMA CONCESSIONÁRIA) 
- Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo 
- Assembléia de Deus do Pai, do Filho e do Espírito Santo 
- Igreja Palma da Mão de Cristo 
- Igreja Menina dos Olhos de Deus 
- Igreja Pentecostal Vale de Bênçãos 
- Associação Evangélica Fiel Até Debaixo DÁgua 
- Igreja Batista Ponte para o Céu 
- Igreja Pentecostal do Fogo Azul 
- Comunidade Evangélica Shalom Adonai, Cristo! 
- Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas 
- Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade 
- Igreja Filho do Varão (Opa!!! Se puxar o pai vai se dar bem!!!!) 
- Igreja da Oração Eficiente 
- Igreja da Pomba Branca 
- Igreja Socorista Evangélica 
- Igreja A de Amor (NESSA SÓ DEVE TER ADORADORES DA XUXA) 
- Cruzada do Poder Pleno e Misteri oso 
- Igreja do Amor Maior que Outra Força 
- Igreja Dekanthalabassi (QUE P*RRA DE LÍNGUA QUE ESSA GENTE FALA????)
- Igreja dos Bons Artifícios 
- Igreja Cristo é Show 
- Igreja dos Habitantes de Dabir 
- Igreja Eu Sou a Porta 
- Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo 
- Igreja da Bênção Mundial 
- Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse 
- Igreja Barco da Salvação 
- Igreja Pentecostal do Pastor Sassá 
- Igreja Sinais e Prodígios 
- Igreja de Deus da Profecia no Brasil e América do Sul 
- Igreja do Manto Branco 
- Igreja Caverna de Adulão 
- Igreja Este Brasil é Adventista 
- Igreja E..T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção) (????????) 
- Igreja Evangélica Florzinha de Jesus (QUE DEUS ME PERDOE, MAS ISSO FICOU MUITO BOIOLA)
- Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando 
- Ministério Eis-me Aqui 
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia 
- Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará 
- Igreja de Deus Assembléia dos Anciãos 
- Igreja Evangélica Facho de Luz 
- Igreja Batista Renovada Lugar Forte 
- Igreja Atual dos Últimos Dias 
- Igreja Jesus Está Voltando, Prepara-te 
- Ministério Apascenta as Minhas Ovelhas 
- Igreja Evangélica Bola de Neve 
- Igreja Evangélica Adão é o Homem(ALGUÉM TINHA ALGUMA DÚVIDA QUANTO A ISSO???????? ?) 
- Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado 
- Ministério Maravilhas de Deus 
- Igreja Evangélica Fonte de Milagres 
- Comunidade Porta das O velhas 
- Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica (QUE EGOÍSTA) 
- Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo (O CARA QUE INVENTOU ESSE NOME ESTAVA CHEIRADO)
- Igreja Evangélica Luz no Escuro 
- Igreja Evangélica O Senhor Vem no Fim (NÃO DÁ PRA CHEGAR UM POUCO MAIS CEDO) 
- Igreja Pentecostal Planeta Cristo 
- Igreja Evangélica dos Hinos Maravilhosos (???)
- Igreja Evangélica Pentecostal da Bênção Ininterrupta 
- Assembléia de Deus Batista A Cobrinha de Moisés (COITADO DO MOISÉS TROCARAM O PAUZINHO DELE POR UMA COBRINHA rsrsrsrs) Assembléia de Deus Fonte Santa em Biscoitão (SENHOR!!! ISSO É HERESIA) 
- Igreija Evangélica Muçulmana Javé é Pai (PÔ, ESSE AQUI NÃO TEM NEM NOÇÃO DE RELIGIÃO rsrsrsrs. - Igreja Abre-te-Sésamo (AHHHH, ESSA SIM, TA NO ESQUEMA DE ALI BABA SÓ NÃO INFORMARAM COM QUANTOS LADRÕES.)
- Igreja Assembléia de Deus Adventista Romaria do Povo de Deus 
- Igreja Bailarinas da Valsa Divina (SERÁ QUE ESSA É MEIO CLUBE DA LULUZINHA??? OU SERÁ QUE HOMENS TB PODEM PARTICIPAR?) 
- Igreja Batista Floresta Encantada (FICA NA DISNEY ISSO????) 
- Igreja da Bênção Mundial Pegando Fogo do Poder 
- Igreja do Louvre 
- Igreja ETQB, Eu Também Quero a Bênção 
- Igreja Evangélica Batalha dos Deuses (PENSEI QUE EVANGÉLICOS FOSSEM MONOTEÍSTAS) 
- Igreja Evangélica do Pastor Paulo Andrade, O Homem que Vive sem Pecados (é o Cristo em pessoa!!) 
- Igreja Evangélica Idolatria ao Deus Maior 
- Igreja MTV, Manto da Ternura em Vida 
- Igreja Pentecostal Marilyn Monroe (???????) (ESSE DEVE TER PREMONIÇÕES HOLLYWOODIANAS) 
- Igreja Quadrangular O Mundo É Redondo (ISSO É SACANAGEM) 
- Igreja Pentecostal Trombeta de Deus (Samambaia -DF) 
- Igreja Pentecostal Alarido de Deus (Anápolis -GO) 
- Igreja pentecostal Esconderijo do Altíssimo (Anápolis -GO) COITADO DO ALTÍSSIMO,VIROU FUGITIVO 
- Igreja Batista Coluna de Fogo (Belo Horizonte -MG) 
- Igreja de Deus que se Reúne nas Casas (Itaúna -MG) 
- Igreja Evangélica Pentecostal a Volta do Grande Rei(Poços de Caldas-MG) 
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia (Uberlândia -MG) 
- Igreja Evangélica a Última Trombeta Soará (Contagem -MG) 
- Igreja Evangélica Pentecostal Sinal da Volta de Cristo (Três Lagoas -MS) 
- Igreja Evangélica Assembléia dos Primogênitos (João Pessoa -PB) 
- Ministério Favos de Mel (Rio de Janeiro -RJ) 
- Assembléia de Deus com Doutrinas e sem Costumes (Rio de Janeiro -RJ

março 11, 2011

A história das coisas

A MULHER - DO AMOR À NECESSIDADE DA LEI


Vocês, que me conhecem, sabem que eu sou apaixonada por esta causa, a causa da mulher.  
Se vou falar de civilizações antigas, quero falar do papel da mulher nelas, na Atenas grega, berço da democracia, a mulher, assim como crianças, escravos e homens pobres, não tinha a cidadania reconhecida,a Igreja Católica Apostólica Romana queimou vivas em praça pública muitas "bruxas" , ciganas, curandeiras, parteiras, rezadeiras, numa perseguição inclemente e insana a tudo, a todos e todas que ameaçassem seu trono, seu poder e sua glória sobre a terra, com um mínimo de conhecimento que fosse!se vou falar da Primeira ou da Segunda guerra mundiais tenho que falar das mudanças que elas geraram na vida das mulheres e a participação das mulheres nas Guerras, e o feminismo e Simone de Beauvoir e Frida Kahlo  - aliás, duas mulheres que viveram um grande amor, que encontraram suas almas gêmeas, mas não moraram o tempo todo com elas... Simone e Sartre nunca moraram na mesma casa
 e Frida e Diego, quando se casaram pela segunda vez fizeram uma ponte na casa, para irem um ao quarto do outro.(A pomba e o elefante).  
Frida Kahlo é a mulher mais marcante que viveu no século XX, ela e Simone de Beauvoir.  Mas Frida ainda havia tido a poliomielite, o acidente do bonde e Diego: "Yo he sufrido dos accidentes graves en mi vida, uno en un autobús que me tumbó…el otro accidente es Diego." Frida Kahlo.  Só Com a irmã dela ele teve seis filhos.
De muitas formas os homens matam suas mulheres, suas não, que elas não são deles, mas eles teimam em tomá-las como objeto, como coisa sua.  Houve um crime em Itabuna há uns dois anos atrás em que o assassino arrancou o bico dos seios com o garfo de churrasco e os olhos com o saca-rolhas.  A teoria do assassinato de Elisa Samúdio é que ela foi espancada, torturada, morta, esquartejada, partes do seu corpo foram dadas aos cães e parte foi enterrada na parede de algum lugar.  Não se acha o corpo dela.  Antigamente os Senhores enterravam as esposas vivas nas paredes das casas grandes das fazendas.
Desde Lílith se persegue as mulheres, condenada a parir demônios, foi logo substituída por Eva, mais tarde expulsa do paraíso.  Até o apóstolo  diz na Bíblia:
"o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja" (Ef 5:23). Lemos em 1 Coríntios 14:34,35: "As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja."
Aliás, é na Bíblia mesmo que vamos encontrar as arbitrariedades e grande fomento às injustiças perpetradas contra as mulheres ao longo de milênios.  A religião, principalmente as chamadas Religiões de Livros Sagrados: o Cristianismo, O Islamismo e o Judaísmo, com a Bíblia, o Alcorão e o Torah - investe fortemente contra a mulher, proibida de falar, de se expressar, de se mostrar, de ser, coberta, morta a pedradas, empalada, vestida na burca, coberta pelo véu.  É nas religiões de origem africana, na umbanda e no candomblé que encontraremos a mulher tendo direito de ser a sacerdotisa mais importante do culto, a mãe de santo, a Yalorixá
Iyalorixás do Candomblé.  Ao centro Mãe Olga do Alaketu.
(Iyalorixá ou Iyá (mãe) ou ainda Yalaorixá é uma sacerdotisa e chefe de um terreiro de Candomblé Ketu.
Iyá no dialeto Yorubá significa (mãe), bem como a junção Iyaiyá (mamãe) ou Iaiá (tendo o mesmo significado de mamãe, senhora, forma carinhosa de falar com a mãe, ou senhora da fazenda muito usada pelos escravos).- wikipédia)
Nas religiões africanas a mulher tem poder. Não está subjugada ou submetida.  Infelizmente a mulher africana atravessa sérios problemas, mas isto não é d'agora, já dura pelo menos cinco séculos, desde que os brancos europeus foram lá arrancar seus filhos e a elas mesmas de seu continente, para levá-los, escravos, ao outro lado do mundo!  Outros brancos europeus foram lá e fincaram-se, relegando a população nativa à miséria, ao analfabetismo e à pobreza, como o caso do Apartheid na África do Sul.
Na Idade Média, a prima notte, costume imposto pelos senhores feudais, dava-lhes o direito dormir com a noiva de seu servo na noite de núpcias...
No Brasil, depois da Lei Maria da Penha, promulgada pelo Presidente Lula, em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, (a 
criação de uma legislação específica contra a violência doméstica e familiar reflete a importância dos Tratados de Direitos Humanos da Mulher, ratificados pelo Brasil, que são: a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher e a Convenção Interamericana para  Prevenir, Punir e Erradicar a Violência  contra a Mulher) aumentou o índice de denúncias de violência contra a mulher.  A violência doméstica e familiar contra a mulher é definida na Lei Maria da Penha não só como a violência física, mas o legislador foi muito mais abrangente e atencioso quando disse: ela (a violência) é física, psicológica,sexual,  patrimonial e moral. Lamenta-se que as medidas protetivas : (Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. - GRIFO NOSSO -
§ 1o  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.) não estejam sendo cumpridas como devem ser, pelos magistrados.  A execução das medidas protetivas é o ponto chave para a efetivação desta Lei. Cabe ao Ministério Público e a nós, cidadãos, denunciar e cobrar, agir incansavelmente, estar atentos, vigiar, a fim de que possamos entrever uma mudança na sociedade, novos tempos, onde a mulher vai poder se sentir amparada e segura pela instituição Judiciária, cujos pares tão bem remunerados não correspondem em produção laboral ao que recebem da sociedade civil através de seus riquíssimos honorários pagos pelo Estado Brasileiro, haja vista se fale tanto em "morosidade da justiça". Cabe aos senhores juízes e senhoras Juízas conhecerem a lei e cumprirem os prazos nela epigrafados. Urge que se crie no Poder Judiciário, uma Vara específica para defesa da mulher. Façam isso , aproveitem o conforto de seus gabinetes e detenham-se sobre a Lei, estudem-na e façam-na cumprir na sua íntegra, afinal, as mulheres são mais da metade da população do mundo!

Maria de Lourdes da Silva
 Animus Mutandi
 (73) 9136 6882


A QUESTÃO AGRÁRIA


Por: ULISSES PRUDENTE DA SILVA

A questão agrária
em solo brasileiro
provém dos muitos tempos
de domínio estrangeiro,
desde quando a terra,
dos índios, usurpada
pela corte portuguesa
foi, então, partilhada
sob o título primeiro
de Capitanias Hereditárias.
Os donatários dessas Capitanias,
como eram chamados
esses amigos do Rei que havia,
tornaram a repartir a terra
entre correligionários
sob o título de Sesmaria,
por ordem do Governo-geral
que o Rei de Portugal,
então, estabelecia.
Extensos, eram os limites,
a vista não alcançava,
onde por a planta do pé,
isso, ao índio bastava,
mas, no branco europeu
havia ambição desenfreada.
Muitos, dos tais donatários,
nem, aqui, pisaram os pés,
mas, sentiam-se “donos da terra”:
estava escrito num papel...
e instituíam a outros homens
sua representação fiel.
“santa” igreja católica
de muita terra se apossou,
desde quando a primeira missa
nestas plagas celebrou
e a Companhia de Jesus,
logo, aqui se instalou.
Aos pés da santa cruz,
índio se ajoelhou,
ao trabalho “voluntário”,
alguém lhe convidou
e na expansão do “solo sagrado”,
o jesuíta Anchieta,
foi quem mais se destacou.
O tráfico do pau-brasil,
de extrativista exploração,
foi o responsável pela dizimação
de essências florestais nativas
e de aldeias indígenas,
aqui, neste rincão.
O índio, “não domesticado”,
embrenhou-se no sertão
para não ser morto à bala
ou a golpe de facão;
formou a primeira resistência
contra a cruel escravidão.
Contudo, alguns indígenas,
com os brancos se aliaram:
pelo sexo, pela fé ou pelo álcool
em bons servos se tornaram;
geraram filhos e filhas
que, por mamelucos,
foram chamados
e, a troco de cachaça,
muita mata derrubaram.
A lavoura açucareira
estava em franca expansão;
em terras brasileiras
era a principal produção
e o sistema escravagista
se implantou nesta nação.
O tráfico negreiro,
como era, assim chamado,
o comércio dos escravos,
tornou-se muito rentável
e, das terras africanas,
para o solo brasileiro,
negros foram transportados.
Tornou-se o “braço forte”
desta emergente nação,
o ser humano negro
em regime de escravidão,
da África trazido
em terrível grilhão.
Para o canavial...
verde-mar-plantação...
a produzir o branco açúcar
para deleite do “barão”
com muito sangue negro
derramado pelo chão.
Conquistava a liberdade,
somente, o negro fujão!
Embrenhando-se na mata,
ia parar, lá, no sertão;
encontrando-se com o índio
resistente à escravidão.
Surgiram, então, os Quilombos;
sonhos de libertação
e, também, os cafuzos,
pela miscigenação.
Ampliou-se os limites,
fundou-se vilas e cidades;
o novo mundo se enchia
com gente de muita maldade
e, na “corrida do ouro”,
as Entradas e Bandeiras
eram a grande novidade.
Negros foram perseguidos,
índios foram massacrados;
no rastro dos bandeirantes,
bem havia atrocidades...
Quilombos eram destruídos,
surgiam novas cidades...
e, com sangue derramado,
os limites ampliados.
A pecuária de corte
e, também, a leiteira;
logo, logo se expandiram
em terras brasileiras:
uma vaca valia mais
que uma negra parideira.
Muitos, “sinhozinhos”,
freqüentavam a senzala;
o feitor e o coronel,
esses, nem se fala:
quando uma negra engravidava
e o filho, então, vingava,
não se sabia, às vezes,
quem era o pai
do caboclo que chorava.
A lavoura algodoeira
e, também, a cafeeira,
além da açucareira,
tornaram-se o esteio
da economia brasileira
e os produtos de exportação,
sempre foram, os de primeira.
As culturas de subsistência,
consideradas subsidiárias,
em relação às grandes culturas,
sempre, foram secundárias.
O milho, a mandioca, o arroz...
eram deixados p’rá depois,
porém, cachaça e fumo
(já desgostei desses dois)
tinham muito valor
em toda zona portuária,
pois, por eles eram trocados,
negros, nos portos de Angola.
Escravos eram mercadoria
em nossa economia primária,
encontrados de montão
em qualquer empresa agrária:
para o branco português,
o negro e o índio que Deus fez,
não passavam de animália.
Foram uns trezentos anos
de negra escravidão,
produzindo o branco açúcar
com o verde deste torrão
e para a mesa do europeu
ia a melhor produção.
Chegou a vez do café
ser o principal na exportação.
Movimentando muito dinheiro,
acentuou a escravidão,
mas, por outro lado, também,
promoveu a imigração
para o solo brasileiro
do braço e capital estrangeiro:
italiano, oriental e alemão.
Daí, muitos fatores
concorreram para a negação
do regime escravagista
no seio desta nação,
tornando-se capitalista
o sistema de produção.
“Neguinho” para viver,
logo após a libertação;
para vestir, comer, beber...
tinha que ter “bom patrão”,
toda terra já tinha “dono”,
eis a raiz da questão.
Pouco depois...
da abolição da escravatura,
a República foi proclamada.
Derrubado o Imperador,
foi, a Pátria, governada
por um Presidente
Marechal das Forças Armadas.
De imediato, a República,
procurando se firmar,
o arraial de Canudos,
tratou, “do mapa tirar”:
numa terra de ninguém,
o povo vivia a plantar
com Antônio Conselheiro,
um beato popular,
mas, imposto ao governo,
não se queria pagar.
Muita gente morreu
p’rá não sair do lugar.
Foi uma tragédia singular:
no sertão nordestino,
a morte esteve a ceifar.
Mais uma mancha na história,
é triste ter que contar,
assim como, a memória
do famoso Lampião.
O “Rei do cangaço”,
o mais temido do sertão,
em conflito pela terra,
enfrentou “os coronéis”,
à milícia declarou guerra;
sua cabeça valia “mil réis”,
pagos em qualquer balcão.
O serviço de “capangagem”
se tornou coisa normal;
matar ou morrer,
ainda, é fato banal;
em nome do “dono da terra”
se peleja numa guerra,
defendendo “o capital”.
As relações de trabalho
em nossa zona rural,
sempre, deixaram a desejar,
sendo, de modo geral,
o operário, vítima
da injustiça social.
A Consolidação das Leis Trabalhistas,
chamada C. L. T. ,
aos trabalhadores rurais,
deixou à mercê
de quem se intitula “dono da terra”
e seu “bel-prazer”
com, apenas, o Código Civil
a lhes proteger.
A sociedade civil, então,
passou a se organizar
em Ligas Camponesas
e Sindicatos Rurais,
começando a lutar
pela causa operária
em Reforma Agrária
se dispôs a falar.
A ala progressista
da igreja católica
e políticos esquerdistas
abraçaram essa causa
com a “cartilha marxista”
e uma fogueira na roça
começou a esquentar.
O Estatuto do Trabalhador Rural
trouxe alguns benefícios,
foi vitória parcial:
o problema é difícil,
o descumprimento da Lei
tem sido um grande mal,
gerando tensão social
e sangrentos conflitos
em território nacional.
O Estatuto da Terra
não saiu do papel.
A “guerrilha do Araguaia”
foi um fato cruel:
jovens foram iludidos,
por conta, correram risco,
encontraram a morte ao léu.
Em se tratando de Leis,
não podemos deixar de citar
Usucapião pro labore
e nela se apoiar
para garantir a posse da terra
a quem nesta trabalhar.
Contudo, os interesses
das classes dominantes,
na cidade e no campo,
tratam, as Leis, de resguardar.
Para fazer valer o direito,
o sistema tem defeitos,
não se pode confiar.
Num país como este,
de extensão continental,
onde, o costume de transgredir
é um vício nacional,
principalmente, contra o fisco
e em cláusula contratual;
ainda se encontra por aí,
do Oiapoque ao Chuí,
quem pratique a escravidão,
apesar, de ser ilegal.
Poucos foram os civis,
na Presidencial função,
altas patentes militares
governaram esta nação,
usufruindo mordomias,
perseguindo a democracia
em meio à corrupção.
Agora, a gente vota
direto p’rá Presidente
e pode se candidatar,
achando conveniente
e viajar pelo mundo
é o duro desse batente.
O Presidente e seus Ministros,
Senadores e Deputados
e, também, Meretíssimos
do vitalício Judiciário
constituem os três poderes,
ganhando altos salários,
ainda assim, em corrupção
se envolve algum salafrário.
O ranço da escravidão
impregna esta nação,
muitos querem mandar,
outros querem ser ladrão,
alguns, querem trabalhar
com toda dedicação.
Apesar de cristã,
ser a nossa tradição,
poucos querem servir,
ocorre muita humilhação;
aos preceitos do Mestre,
falta, sim, compreensão.
Entender o paradoxo,
requer iluminação:
“quem quiser ser senhor,
que seja servo”,
essa, é a dura lição.
O latifundiário, então,
tornou-se o grande “barão”,
o “atual donatário”,
detentor da concentração
de terras e numerários,
pela lei da mais valia,
explora o braço operário
e é politicário,
interferindo no processo
de qualquer eleição.
A terra, ainda agora,
pode, até, ser arrendada,
com muitos anos de trabalho,
algum dia, ser comprada
e, com a cultura instalada,
sempre, é mais valorizada.
O agrícola empresário,
aquele politicário
e seu publicitário
não têm nada de otário
em dia-a-dia ordinário,
mas, o extraordinário
desse nosso rimário
é p’rá chamar a atenção
sobre o sistema agrário
vigente nesta nação.
Arrendatários e “grileiros”,
“meeiros” e/ou parceiros,
herdeiros e “posseiros”
retalham a terra em quinhão;
cultivam o solo brasileiro;
com sangue e suor
regam este chão.
“Volta e meia”, o Estado,
facilita a aquisição
de uma gleba de terra
para quem tenha vocação
de, com a empresa agrícola,
enriquecer e ser patrão.
Tornou-se, então, patente,
para toda população,
a necessidade, urgente,
de se fazer distribuição
de renda e de terras
para o bem desta nação.
Movimentos populares
de reivindicação
pela Reforma Agrária
têm crescido neste chão,
fortalecendo nosso povo
no combate à exclusão.
E, as bandeiras vermelhas
dos “sem terra” organizados,
já flamejam sem horário
sob o grito do operário:
“ocupar, resistir e produzir!”
Este é o lema a persistir.
Se não tens vocação
para a empresa agrícola,
por que reter a terra?
È ser muito egoísta!
Promova a Reforma Agrária
e serás pessoa altruísta.
Na família, às vezes,
tem o agricultor latente,
ceda, então, o espaço
para aqueles competentes
ou, senão, dê a chance
aos que são aderentes.
A mão-de-obra familiar
pode, muito bem, ser obtida
conforme solidariedade
em metas pré-definidas
e a sustentabilidade da terra
será, então, defendida.
As cidades estão inchadas
pelo êxodo rural
e assentar o homem no campo
pela agricultura geral,
torna-se, um tanto, premente:
essa é uma questão ambiental!
Sem mão-de-obra e capital
p'rá gerar economia,
que serventia tem a terra,
esse meio de produção?
Só se for para reserva,
preservando a ecologia.
Por se fazer necessária,
ampliou-se o movimento
pela Reforma Agrária
e, em cada assentamento,
tornou-se um tormento
as técnicas agropecuárias.
Mas vale a pena tentar,
se, da lavoura, ainda,
não sabes cuidar,
espera-se que um dia... saibas!
Pois, o processo dialético
na interação com técnicos,
gerando o “feed back”,
pode, a todos, transformar.
Envolve a Reforma Agrária,
em holística concepção,
a mudança de paradigma
nos sistemas de produção
p’rá conservação dos recursos
da futura geração.
O modelo agrário geral,
meramente capitalista,
chamado convencional,
tornou-se consumista
da indústria de agrotóxicos;
é um modelo anti-ecológico
que ao meio-ambiente prejudica.
Jamais, por mera retórica,
faço essa observação:
o que liga o homem à terra
não é o mísero milhão,
o lucro conseqüente
de qualquer plantação
depende do manejo do solo,
é uma constatação.
A mãe-natureza,
em louvável ação,
sempre aponta o caminho,
exigindo observação:
os fenômenos estão patentes,
mas, aquilo tão aparente
pode ser mera ilusão.
O manejo dos solos
requer sabedoria,
respeito à natureza,
dinâmica harmonia,
boa dose de ciência,
um tanto de paciência
um pouco de poesia.
Um semeador saiu a semear
em terra seca dura semente,
palavra p’rá gente
feita de pedra que vira pó.
À beira do caminho
pássaros fizeram ninhos,
a poesia se esparramou,
provaram, dela, os passarinhos;
o semeador chorou baixinho
pela semente que não brotou.
Há, sempre, uma cruz
marcando na estrada
um fim de jornada
e a semente plantada
em terra adubada,
profunda e fecunda
com a chuva renascerá...
Trazendo alegria
na alma refeita,
após a colheita
e aquele banquete
regado a bom vinho,
no Sul da Bahia,
sem cama macia,
um poeta se deita,
descansa a caneta
e dorme sozinho.
Semente lançada,
ação consumada.
Atenção no aviso,
não corra perigo,
quem planta mostarda,
não colhe pepino.
Aprendi com os antigos,
desde menino:
não faça o que faço,
mas, faça o que digo.
Não podemos deixar
de chamar a atenção
p’rá séria questão agrária
que comove “certa” região
e requer das autoridades
uma justa intervenção.
A região supracitada
é a Região Sul da Bahia,
por muitos decantada
em forma de prosa e poesia
e tem na cacauicultura
a base da economia.
A “febre do cacau” gerou
essa questão mui delicada,
pois, em Reserva Indígena,
áreas foram tituladas,
levando índios e fazendeiros
a se enfrentarem em luta armada.
Os conflitos se estendem,
há mais de vinte anos,
fazendeiros e indígenas
vêm se digladiando
e as “terras do sem fim”
com sangue manchando.
É dado este recado
com muita emoção,
quem quiser me conhecer,
será uma satisfação
receber o seu abraço
e seu aperto de mão.
“Quem tiver olhos, que veja,
quem tiver ouvidos, que ouça”,
o meu nome vou dizer,
sou um espírito que erra,
peregrino nesta terra,
contudo, amo você...
U m simples servidor,
L ivre pensador,
I nvocando ao Senhor,
S em hipocrisia;
S obre Reforma Agrária,
E m “terras do sem fim”,
S emeia poesia....
P oeta oportunista,
R ima com a ocasião,
U ma musa encantadora
D á, ao poeta, inspiração.
E m solo brasileiro,
N unca vi, então,
T anto embusteiro
E nriquecer “metendo a mão”.
D izem que “Deus é brasileiro!”
A bençoado, seja este chão!
S em-terra, sem-teto, sem-pão...
I nvoquemos, Deus, primeiro!
L ivrai-nos, ó Deus, da humilhação...
V amos à luta companheiros!
A baixo a exclusão!
Este recado é liberado
aos meios de comunicação.
Espero, apenas,
do meu nome, a menção,
mas, se me ofertarem dinheiro...
aceitarei com gratidão.